A legislação como mecanismo de preservação da Educação Indígena

As comunidades indígenas estão tendo um maior amparo legal na área educacional e na preservação da sua cultura. Através desse contexto, podemos perceber uma preocupação em preservar a identidade e a culturas dessas comunidades.
Para isso o governo criou leis resguardando os direitos da criança e valorizando sua cultura. A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 garante aos índios o acesso ao conhecimento proveniente de uma educação especializada, com programas e currículos específicos para a comunidade.
De acordo com a LDB (1996), a educação infantil como sendo a primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade. Compete aos municípios oferecê-la em creches para crianças de até seis anos idade e em pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de idade.
As bases legais que constituem a educação escolar indígena perpassada pela Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, resolução de 1999 e o Decreto Presidencial de 2004.
Todo esse processo legislativo teve como objetivo assegurar e garantir o direito da diferença  étnico-cultural das comunidades indígenas em todo país. De acordo com o Conselho Nacional de Educação de 1999, a estrutura e o funcionamento das escolas indígenas deve reconhecer a condição de escolas com normas e ordenamento próprios, além de fixar diretrizes curriculares do ensino intercultural e bilíngue.
Dessa forma a legislação garante os direitos do povo indígena, inclusive a uma educação diferenciada capaz de fortalecer a afirmação étnica e cultural. Com o intuito de preservação da realidade da comunidade.
Referências:
ALMEIDA, Tereza Cristine Cruz. Educação indígena sob a tutela da legislação: o desafio da afirmação étnica e cultural. In: VASCONCELO, J.G, SOARES, E.L.R, CARNEIRO, Isabel M.S.P. Entre tantos: Diversidade na Pesquisa Educacional. Fortaleza, UFC, 2006.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Acessado em 16 de abril de 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br.

Um exemplo real de projeto interdisciplinar



Eduarda Diniz Mayrink, coordenadora pedagógica, e Leninha Ruiz, formadora na área de Educação Infantil


A professora Islene Leal realiza atividade de leitura em um projeto que integrou Ciências, Língua Portuguesa, Artes e Matemática. 

Os projetos interdisciplinares na escola são objeto de muitas discussões entre educadores. Esse tipo de abordagem ajuda a organizar os conhecimentos, incentiva pesquisas e ajuda a estabelecer uma relação entre os saberes das diversas áreas.
Na escola em que atuo como coordenadora, a cada início de semestre, os professores se reúnem para elaborar os projetos. Em uma dessas ocasiões, tive a oportunidade de apoiar a realização de uma proposta da professora Islene Leal, para a turma do 2º ano.
A docente partiu de uma curiosidade de seus alunos, que desejavam conhecer melhor o Pantanal, explorar esse lugar tão distinto do ambiente urbano da nossa cidade de Rio Piracicaba, em Minas Gerais. Sabendo disso, Islene teve a ideia de levar a turma para uma “viagem a distância” às planícies alagadas, na qual todos pudessem explorar a natureza do lugar.
Para planejar as etapas, levantamos quais conteúdos poderíamos trabalhar e a quais áreas eles pertenciam. A análise levou em consideração o currículo do 2º ano e estabeleceu, além de objetivos gerais, outros específicos para cada disciplina. Meu papel foi ajudar a professora a estabelecer relação do tema com o currículo e assim planejar as atividades de forma integrada.

Leia na íntegra, AQUI.

Quatro mitos sobre tecnologia e Educação que devem acabar em 2016

Foto: iStock


Imagino que, como muitas pessoas, você tenha estabelecido algumas metas para este novo ano. Entre as minhas está a de continuar trabalhando para ajudar gestores escolares e educadores como você a melhorar a Educação do nosso país. Minha contribuição é por meio da tecnologia: acredito que, para promovermos uma formação de qualidade em larga escala e baixo custo, alinhada com as necessidades do aluno do século 21 e acessível para todos, é fundamental inovar e aproveitar as possibilidades que os recursos tecnológicos oferecem.
Para encorajar mais pessoas a abraçarem esse mesmo objetivo, decidi começar o ano desfazendo alguns mitos. Alguns professores encaram a inovação com desconfiança, e isso é compreensível. Todo tipo de mudança tem um quê de assustador, ainda mais quando impacta algo que existe da mesma forma há tanto tempo. Mas é possível que muito dessa desconfiança esteja fundamentada em ideias errôneas do que realmente está em jogo quando falamos de tecnologias educacionais. Aponto a seguir algumas delas – que podem estar presentes, em alguma medida, mesmo entre aqueles que defendem a inovação.
1. A tecnologia vai substituir o trabalho do professor
A tecnologia de fato tem extinguido muitas profissões, especialmente em fábricas e no campo. Mas o trabalho de um professor vai muito além de corrigir trabalhos e dar notas. Uma máquina nunca substituirá a sensibilidade, criatividade, capacidade de inspirar e de se conectar com os alunos. Quando falamos de tecnologias educacionais, estamos pensando em ferramentas que auxiliarão o trabalho do professor, livrando-o de tarefas burocráticas, por exemplo, e permitindo a ele ter tempo e subsídios para compreender melhor seus alunos,  planejar aulas mais eficazes e ajudar no desenvolvimento de competências socioemocionais dos alunos.
2. Os dados vindos de recursos tecnológicos educacionais vão servir para avaliar o professor
Um aparelho de ressonância magnética pode fornecer informações tanto para ajudar a definir o tratamento adequado de um paciente quanto para mostrar se esse tratamento foi efetivo ou não. Esses dados não são usados para avaliar se um médico é bom ou ruim – para isso, nada é melhor do que a observação direta do trabalho, de como ele trata os pacientes. Com os “megadados” ou Big Data provindos de tecnologias educacionais é parecido. Os dados são um instrumento, e não um fim. Ao fornecer constantemente informações sobre domínio de temas e engajamento de uma turma, eles permitem entender melhor como os alunos aprendem, quais métodos e materiais são mais efetivos e como se pode pensar em atividades personalizadas para manter todos motivados, independentemente do nível de conhecimento do tema.
3. Colocar computadores ou softwares educacionais na escola vai garantir a melhoria no aprendizado dos alunos
A tecnologia pode melhorar o processo de ensino e aprendizagem de diversas formas, mas não é, em si mesma, a cura para os problemas da Educação. Mesmo as melhores ferramentas são ineficientes se não forem utilizadas de maneira adequada. É fundamental que a escola estabeleça objetivos e métodos claros para as tecnologias que decidir adotar, e também que promova a capacitação dos professores e lhes coloque à disposição um suporte técnico que possa resolver rapidamente eventuais problemas.
4. “Sou professor há muito tempo. Nunca vou conseguir me adaptar à tecnologia.”
Apesar de as novas gerações terem mais afinidade com a tecnologia, isso não quer dizer que não seja possível para os professores mais veteranos aprender a lidar com ela. Veja a história de uma professora chamada Valyncia O. Hawkins, de Washignton, nos Estados Unidos. De acordo com o site The Hechinger Report, ela decidiu, após 20 anos de profissão, estudar as possibilidades que a tecnologia lhe oferecia. O resultado? “Hoje, ela não mais fica em pé diante de uma sala durante uma aula inteira. Ela desenvolveu um novo estilo de ensinar que envolve a tecnologia e a instrução para pequenos grupos. Ferramentas online, a maioria delas gratuitas, ajudam-na a customizar as lições para os estudantes.” A história toda (em inglês) está aqui. Além disso, uma pesquisa feita pela Universidade Walden em 2009 com mais de 1.000 professores do Ensino Básico nos Estados Unidos concluiu que os profissionais veteranos são tão propensos quanto os mais novos a usar a tecnologia para apoiar o ensino. “Os mais jovens podem usá-la com mais frequência na vida pessoal, mas quando se trata do uso na sala de aula, eles não parecem ter nenhuma vantagem sobre os mais velhos”, diz o estudo. O importante é estar disposto a tentar coisas novas, ser persistente e não ter medo de pedir ajuda – e para isso não há idade.
Espero que, neste ano que começa, possamos ter discussões bastante ricas para ampliar nosso entendimento sobre as inúmeras possibilidades que a tecnologia provê para a Educação. 

O professor frente às novas tecnologias de informação e comunicação

Para começar bem o ano letivo, o NTE/Osório dá as boas vindas a todos os educadores com a reflexão sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação, indispensáveis, hoje, nos fazer pedagógico.
Boa leitura!!



As reflexões em torno do assunto tecnologia e educação tomou conta da sociedade há várias décadas, na realidade desde que se notou sua influência na formação do sujeito contemporâneo, e da necessidade de explorar o assunto diante do rápido desenvolvimento nos meios de informação e comunicação. O mundo atual esta passando por inúmeras e cada vez mais aceleradas transformações em torno de todos os campos da sociedade, desde o princípio da civilização o homem esta sempre em busca de adaptações, mudanças, novos conhecimentos, aliás, fato este implícito em sua constante busca do saber e aprender.

A preocupação com o impacto que as mudanças tecnológicas podem causar no processo de ensino-aprendizagem impõe a área da educação a tomada de posição entre tentar compreender as transformações do mundo, produzir o conhecimento pedagógico sobre ele auxiliar o homem a ser sujeito da tecnologia, ou simplesmente dar as costas para a atual realidade da nossa sociedade baseada na informação (SAMPAIO e LEITE, 2000, op cit SANTOS, 2012, p. 9).

Desde a década de 1940, quando se deu inicio as grandes transformações tecnológicas a sociedade atribuiu a escola e as instituições de ensino a responsabilidade de formação da personalidade do individuo, tendo em vista a transmissão cultural do conhecimento acumulado historicamente. No que se referem à escola as tecnologias sempre estiveram presentes na educação formal, o que faz necessário é o fato de que as instituições de ensino tem o papel de formar cidadãos críticos e criativos em relação ao uso dessas tecnologias. Para tanto é preciso que as mesmas abandonem a prática instrumental das tecnologias, e faça avaliações sobre o trabalho com a inserção das novas tecnologias educativas, visto que:

Dessa forma, temos de avaliar o papel das novas tecnologias aplicadas à educação e pensar que educar utilizando as TICs (e principalmente a internet) é um grande desafio que, até o momento, ainda tem sido encarado de forma superficial, apenas com adaptações e mudanças não muito significativas.

Sociedade da informação, era da informação, sociedade do conhecimento, era do conhecimento, era digital, sociedade da comunicação e muitos outros termos são utilizados para designar a sociedade atual. Percebe-se que todos esses termos estão querendo traduzir as características mais representativas e de comunicação nas relações sociais, culturais e econômicas de nossa época (SANTOS, 2012, p. 2).

A internet atinge cada vez mais o sistema educacional, a escola, enquanto instituição social é convocada a atender de modo satisfatório as exigências da modernidade, seu papel é propiciar esses conhecimentos e habilidades necessários ao educando para que ele exerça integralmente a sua cidadania, construindo assim uma relação do homem com a natureza, é o esforço humano em criar instrumentos que superem as dificuldades das barreiras naturais. As redes são utilizadas para romper as barreiras impostas pelas paredes das escolas, tornando possível ao professor e ao aluno conhecer e lidar com um mundo diferente a partir de culturas e realidades ainda desconhecidas, a partir de trocas de experiências e de trabalhos colaborativos.

Em uma sociedade com desigualdade social como a que vivemos, a escola pública em alguns casos torna-se a única fonte de acesso às informações e aos recursos tecnológicos, das crianças de famílias da classe trabalhadora baixa. A esse respeito Pretto (1999, 104) vem afirmar que “em sociedades com desigualdades sociais como a brasileira, a escola deve passar a ter, também, a função de facilitar o acesso das comunidades carentes às novas tecnologias”.

O uso da informática na educação implica em novas formas de comunicar, de pensar, ensinar/aprender, ajuda aqueles que estão com a aprendizagem muito aquém da esperada. A informática na escola não deve ser concebida ou se resumir a disciplina do currículo, e sim deve ser vista e utilizada como um recurso para auxiliar o professor na integração dos conteúdos curriculares, sua finalidade não se encerra nas técnicas de digitações e em conceitos básico de funcionamento do computador, a tudo um leque de oportunidades que deve ser explorado por aluno e professores. Valente (1999) ressalta duas possibilidades para se fazer uso do computador, a primeira é de que o professor deve fazer uso deste para instruir os alunos  e a segunda  possibilidade é que o professor deve criar condições para que os alunos descreva seus pensamentos, reconstrua-os e materialize-os por meio de novas linguagens, nesse processo o educando é desafiado a transformar as informações em conhecimentos práticos para a vida. Pois como diz Valente:

[...] a implantação da informática como auxiliar do processo de construção do conhecimento implica mudanças na escola que vão além da formação do professor. É necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidades de pais – estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo profissional. Nesse sentido, a informática é um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e formar professores para utilização dos mesmos. (1999, p. 4)

Implantar laboratórios de informática nas escolas não é suficiente para a educação no Brasil de um salto na qualidade, é necessário que todos os membros do ambiente escolar inclusive os pais tenham seu papel redesenhado.

Atualmente o mundo dispõe de muitas inovações tecnológicas para se utilizar em sala de aula, o que condiz com uma sociedade pautada na informação e no conhecimento, pois através desses meios temos a possibilidade virtual de ter acesso a todo tipo de informação independente do lugar em que nos encontramos e do momento, esse desenvolvimento tecnológico trouxe enormes benefícios em termos de avanço científico, educacional, comunicação, lazer, processamento de dados e conhecimento. Usar tecnologia implica no aumento da atividade humana em todas as esferas, principalmente na produtiva, pois, “a tecnologia revela o modo de proceder do homem para com a natureza, o processo imediato de produção de sua vida social e as concepções mentais que delas decorrem” (Marx, 1988, 425).

Com toda essa disponibilidades é preciso formar cidadãos capazes de selecionar o que há de essencial nos milhões de informações contidas na rede, de forma a enriquecer o conhecimento e as habilidades humanas. Pois segundo Marchessou (1997):

(...) excesso nas mídias, onde as performances tecnológicas e o consumo de informação submergem, “anestesiam” a capacidade de análise dessa informação e de reflexão tanto individual quanto social. Saturação e superabundância ameaçam o navegador da internet que, como certas pesquisas mostram, não tira partido das riquezas de informação pertinente, não estando formado para ir diretamente ao essencial (Marchessou, 1997, p. 15).

Antes de introduzir as novas mídias interativas nas aulas expositivas é preciso entender suas funcionalidades e as consequências de seu uso nas relações sociais, pois somente a partir desse momento é possível utilizá-las de forma a transformar as aulas em eventos de discussão onde ocorra de maneira efetiva à participação de todos os indivíduos, bem como professores, alunos e pesquisadores, propiciando assim a comunicação que só é possível a partir do momento que todas as partes se envolvem.

Para que os recursos tecnológicos façam parte da vida escolar é preciso que alunos e professores o utilizem de forma correta, e um componente fundamental é a formação e atualização de professores, de forma que a tecnologia seja de fato incorporada no currículo escolar, e não vista apenas como um acessório ou aparato marginal. É preciso pensar como incorporá-la no dia a dia da educação de maneira definitiva. Depois, é preciso levar em conta a construção de conteúdos inovadores, que usem todo o potencial dessas tecnologias.

A incorporação das TICs deve ajudar gestores, professores, alunos, pais e funcionários a transformar a escola em um lugar democrático e promotor de ações educativas que ultrapassem os limites da sala de aula, instigando o educando a enxergar o mundo muito além dos muros da escola, respeitando sempre os pensamentos e ideais do outro. O professor deve ser capaz de reconhecer os diferentes modos de pensar e as curiosidades do aluno sem que aja a imposição do seu ponto de vista, pois com lembra Freire:

Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se poderia falar em respeito do educador ao pensamento diferente do educando se a educação fosse neutra – vale dizer, se não houvesse ideologias, política, classes sociais. Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de inadequações, de “obstáculos epistemológicos” no processo de conhecimento, que envolve ensinar e aprender. A dimensão ética se restringiria apenas à competência do educador ou da educadora, à sua formação, ao cumprimento de seus deveres docentes, que se estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos (2001, p. 38-39).

As escolas são locais onde ocorre a emancipação do estudante, desde cedo já se molda cidadãos conscientes de suas responsabilidades socioambientais, formar-se indivíduos empreendedores do conhecimento e lapidam-se vocações. Portanto a necessidade de que os ambientes educativos se tornem lugares onde crianças e jovens tenham habilidades de interferir no conhecimento estabelecido, desenvolver novas soluções e aplicá-las de forma responsável para o bem estar da sociedade. Como Piaget enunciou: “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram”.

Podemos considerar que a educação ao longo da vida será o único meio de evitar a desqualificação profissional e de atender às exigências do mercado de trabalho da sociedade tecnológica. Assim segundo BELLONI (1999) op cit CAPELLO (2011), faz-se necessário uma flexibilização forte de recursos, tempos, espaços e tecnologias, que abrigam à inovação constante, por meio de questionamentos e novas experiências.

Nesse processo colaborativo de interatividade, o educador deve assumir um novo papel no processo educacional, deixar de lado a postura de provedor de conhecimento e atuar como mediador, até mesmo porque diante dos rápidos avanços em sua área, somente um profissional pleno e capaz de se ajustar aos avanços tecnológicos sobreviverá nesse mercado. É fundamental que o professor se torne mediador e principalmente orientador na aprendizagem mediada pelas novas tecnologias, pois é seu papel criar novas possibilidades para ensinar e aprender. Segundo Moran (2000) o papel do professor é dividido em:

Orientador/mediador intelectual – informa, ajuda a escolher as informações mais importantes, trabalha para que elas sejam significativas para os alunos, permitindo que eles a compreendam, avaliem – conceitual e eticamente -, reelaborem-nas e adaptem-nas aos seus contextos pessoais. Ajuda a ampliar o grau de o grau de compreensão de tudo, a integrá-lo em novas sínteses provisórias.

Orientador/mediador emocional – motiva, incentiva, incentiva, estimula, organiza os limites, com equilíbrio, credibilidade, autenticidade e empatia.

Orientador/mediador gerencial e comunicacional – organiza grupos, atividades de pesquisa, ritmos, interações. Organiza o processo de avaliação. É a ponte principal entre a instituição, os alunos e os demais grupos envolvidos (comunidade). Organiza o equilíbrio entre o planejamento e a criatividade. O professor atual como orientador comunicacional e tecnológico; ajuda a desenvolver todas as formas de expressão, interação, de sinergia, de troca de linguagens, conteúdos e tecnologias.

Orientador ético – ensina a assumir e vivenciar valores construtivos, individual e socialmente, cada um dos professores colabora com um pequeno espaço, uma pedra na construção dinâmica do “mosaico” sensorial-intelectual-emocional-ético de cada aluno. Esse vai valorizando continuamente seu quadro referencial de valores, ideias, atitudes, tendo por base alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal. Um bom educador faz  a diferença. [grifos do autor] (p. 30-31)

A educação não pode mais viver sob o modelo antigo, sob o risco de virar virtual e invisível para a sociedade, às novas tecnologias devem ser exploradas para servir como meios de construção do conhecimento, e não somente para a sua difusão. Nos últimos anos a presença dos alunos em sala de aula diminuiu consideravelmente, sem falar nas universidades onde alunos viraram atores virtuais, invisíveis para a estrutura acadêmica, eles tem buscado na internet as fontes de conteúdos programáticos das disciplinas, ignoram a oportunidade de debates e reflexões em sala de aula.

Diferente de anos atrás, hoje os alunos tem acesso muito mais rápido e fácil às informações, esse fator tornou as aulas expositivas desinteressantes e assim sua presença se tornou limitada, aos eventos protocolares como: exames e atividades extraclasses. O horizonte de uma criança, de um jovem, hoje em dia, ultrapassa claramente o limite físico da sua escola, da sua cidade ou de seu país, quer se trate do horizonte cultural, social, pessoal ou profissional. Diante disso é importante lembrarmos que os professores não nasceram digitalizados, enquanto seus alunos, sim.

Segundo Xavier (2005), as novas gerações tem adquirido o letramento digital antes mesmo de ter se apropriado completamente do letramento alfabético ensinado na escola. Esta intensa utilização do computador para a interação entre pessoas a distancia, tem possibilitado que crianças e jovens se aperfeiçoem em práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramentos e alfabetizações. Essas inúmeras modificações nas formas e possibilidades de utilização da linguagem em geral são reflexos incontestáveis das mudanças tecnológicas que vem ocorrendo no mundo desde que os equipamentos informáticos e as novas tecnologias de comunicação começaram a fazer parte intensamente do cotidiano das pessoas.

A aprendizagem intermediada pelo o computador gera profundas mudanças no processo de produção do conhecimento, se antes as únicas vias eram de sala de aula, o professor e os livros didáticos, hoje é permitido ao aluno navegar por diferentes espaços de informação, que também nos possibilita enviar, receber e armazenar informações virtualmente.

O trabalho educacional a partir da informática tem papel fundamental na prática pedagógica das escolas, pois possibilita a transição de um sistema de ensino fragmentado para uma abordagem de conteúdos integrados. Sendo possível também o processo de criação, busca, interesse e motivação, através de atividades que exigem planejamento, tentativas, hipóteses, classificações e motivações, impulsionando a aprendizagem por meio da exploração que estimula a experiência. Segundo Oliveira (2000), os trabalhos pedagógicos podem ser coerentes com a visão de conhecimento que integre o sujeito e objetivo, assim como aprendizagem e ensino. Nessa perspectiva, as tecnologias tornam-se ferramentas poderosas, capazes de ampliar as chances de aprendizagem do aluno.

O computador e os demais aparatos tecnológicos são vistos como bens necessários dentro dos lares e saber operá-los constitui-se em condição de empregabilidade e domínio da cultura, é impossível fechar-se a esses acontecimentos.

Quem de nós não se lembra dos ditados de palavras e das regras gramaticais decoradas sem que soubéssemos qual seria a situação em que um dia poderíamos usa-las? Sem esquecermos também, das variadas datas comemorativas, fórmulas de matemáticas, química e física, ossos e órgãos do corpo humano e acidentes geográficos, todas as atividades decorativas que fazíamos sem entender qual seria o significado aquilo poderia ter para nossa vida, muitas vezes ouvíamos de nossos professores que um dia precisaríamos daquele conhecimento. Mas como incorporá-los se naquele momento eles não faziam sentido a nós, pareciam apenas regras a serem decoradas para resolução de exercícios e de avaliações.

Com grande frequência temos ouvido professores reclamarem que seus alunos não sabem escrever, e da parte dos alunos ouvimos, que a escola os leva a escrever sobre coisas que não tem significado algum para a sua realidade.

Notemos que atualmente não se trata mais apenas de fazer redações escolares com começo, meio e fim. Com a era digital, as crianças estão se tornando especialistas em lidar com o hipertexto, o sistema informação que inclui textos, fotos, áudio e vídeo, com infinitas possibilidades de navegação. No que se refere o hipertexto é preciso que o internauta desenvolva habilidades de avaliar criticamente as informações encontradas e saiba identificar quais são as fontes mais confiáveis entre as inúmeras apresentadas. Por essa razão é importante que o professor tenha conhecimento sobre o hipertexto e a linguagem utilizada na internet, para poder assim melhor orientar seus alunos.

Ferreiro (2000) afirma que o laboratório de computação na escola possibilita aos jovens o ato de escrever e publicar. Muitas vezes a escrita na escola pode se tornar algo maçante, visto que na maioria das vezes o único a ler e ter contato com os textos escritos pelos alunos é o professor. O fato de se escrever apenas por encomenda na escola, onde o professor solicita aos alunos a produção de uma redação, este a faz e aquele corrige isto é algo que se torna para o aluno muito sofrido, afinal escrever para quê? Ou melhor, para quem? Notemos que falta ao aluno motivação para fazer um bom texto, fazer só porque o professor solicitou torna a atividade desagradável e descontextualizada.

A integração da tecnologia de informação e comunicação na escola favorece em muito a aprendizagem do aluno e a aproximação de professores e alunos, pois através deste meio tecnológico ambos tem a possibilidade de construírem conhecimento através da escrita, reescrita, troca de ideias e experiências, o computador se tornou um grande aliado na busca do conhecimento, pois se trata de uma ferramenta que auxilia na resolução de problemas e até mesmo no desenvolvimento de projetos.  As TICs têm como característica o fazer e o refazer, transformando o erro em algo que pode ser revisto e reformulado instantaneamente para produzir novos saberes, cada individuo que explora as tecnologias de informação e comunicação se torna um emissor e receptor de informações, mais especificamente leitor, escritor e comunicador, esse emaranhado de possibilidade ocorre graças ao poder persuasivo das informações contidas nas TICs que envolve o sujeito incitando-o à leitura e à expressão através da escrita textual e hipertextual.

A internet proporciona ao professor compreender a importância de ser parceiro de seus alunos, navegar junto com os alunos apontando possibilidades de percorrer novos caminhos sem a preocupação de ter experimentado passar por eles algum dia, provocando assim a descoberta de novos significados, permitindo aos alunos resolverem problemas ou desenvolverem projetos que tenham sentido para a sua aprendizagem, é nesse processo que a educação resultaria em um exercício ético-democrático:

Não haveria exercício ético-democrático, nem sequer se poderia falar em respeito do educador ao pensamento diferente do educando se a educação fosse neutra – vale dizer, se não houvesse ideologias, política, classe sociais. Falaríamos apenas de equívocos, de erros, de inadequações, de “obstáculos epistemológicos” no processo de conhecimento, que envolve ensinar e aprender. A dimensão ética se restringiria apenas à competência do educador ou da educadora, á sua formação, ao cumprimento de seus deveres docentes, que se estenderia ao respeito à pessoa humana dos educandos (FREIRE, 2001ª, p. 38-39).

O processo de incorporação das tecnologias nas ações docentes guia professores e alunos para uma educação libertadora e humanista, na qual homens e mulheres imergem na construção do conhecimento, se tornando sujeitos da condução de sua própria aprendizagem, ou seja, um sujeito participativo e responsável pela sua própria construção, deixando de lado o sujeito passivo para se tornar autônomos e cidadãos democráticos do saber, a esse respeito Freire enfatiza que:

A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é possível para o homem, portanto esse é inacabado. Isso leva a sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser sujeito de sua própria educação. não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém (FREIRE, 1979, p. 27-28).

Uma educação comprometida é aquela que propicia aos seus indivíduos o desenvolvimento e autoformação, disponibiliza e oportuniza aos seus indivíduos o papel de construção de sua própria história, de sua autonomia de negociar e tomar decisões em defesa de seus direitos e de sua coletividade, pois é a partir da autonomia que o individuo conquista e exerce sua plena cidadania. É importante frisarmos aqui que a autonomia não é algo que se transmite ao aluno, mas que se constrói e conquista conforme sua vivencia, cada homem constrói sua autonomia de acordo com as varias decisões tomadas ao decorrer de seu dia e de sua vida. Freire defende que: “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” (1996, p. 66). A autonomia ajuda o homem a se tornar um cidadão crítico, libertar-se do comodismo, da passividade, da omissão e da indecisão.

As TICs também tem papel fundamental no desenvolvimento de projetos, pois permite o registro desse processo construtivo, funciona como um recurso que irá diagnosticar o nível de desenvolvimento dos alunos, suas dificuldades e capacidades, favorecendo também a identificação e a correção dos erros e a constante reelaboração, sem perder aquilo que já foi criado.

Uma inovação é como ver algo novo nas coisas às vezes conhecidas, deve-se pensar em ações que promovam novos papéis para a escola, ações em que a utilização das TICs no contexto educacional estabeleça uma rede dialógica de interação com o intuito de promover a ruptura do distanciamento entre sujeito-sociedade.

O computador ligado à internet propicia ao professor atuar de forma diferente em sala de aula, é possível instigar os alunos a desenvolver pesquisas, investigações, críticas, reflexões, aprimorar e transformar ideias e experiências, não é preciso que professores se tornem donos da verdade e do conhecimento, mas sim parceiros de seus alunos, andando juntos em busca de um mesmo propósito o conhecimento e a aprendizagem. Essa atuação leva os profissionais da educação a se desprender do livro didático, que deixa de ser o guia da prática do professor e passa a ser mais uma, entre outras, fontes de informação e de desenvolvimento do trabalho.

No momento atual em que a sociedade vive é imprescindível que a educação caminhe no sentido do conhecimento compartilhado, com liberdade para se expressar e se comunicar.

 O professor que caminha de forma a tentar conhecer o aluno e entendê-lo em sua realidade, é um profissional que podemos considerar ativo, crítico empenhado no seu papel de ensinar, pois a partir do momento que se sente desafiado pelo aluno, este vive uma busca constante do aprendizado ao ensino. 

Atualmente o professor não é um mero propagador de conhecimento, mas sim ambos (aluno e professor) são parceiros do ensino-aprendizagem, o professor tem o papel de planejar a aula de acordo com a necessidade de seus alunos e estes também tem seu papel que é contribuir com aquilo que deseja aprender, como por exemplo, o tema a ser abordado, no qual se leva em conta dúvidas, curiosidades, indagações, conhecimentos prévios, valores, descobertas, interesses.  O professor é desafiado a conhecer seu aluno, não é mais apenas aprendiz de conteúdo, mas de individuo, para que possa respeitar os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, temos uma situação que não é mais o professor o único a planejar as aulas para os alunos executar, e sim ambos trabalham em busca de aprendizagem, cada atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento.

Notemos que é a partir do respeito e da confiança que aluno e professor caminharão para uma escola nova e avançada, onde há preocupação com aquilo que se é proposto para o aluno ler, pois é através de uma leitura prazerosa que acontece o despertar para outras leituras e para uma escrita criativa. Assuntos interessantes levam a questionamentos, a participações efetivas, espírito cooperativo e solidário em ambiente escolar.

A mudança na escola começa a partir de uma mudança pessoal e profissional, capaz de levantar uma escola que incentive a imaginação, a leitura prazerosa, a escrita criativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento, que se torne um ambiente onde promova e vivencie a cooperação, o dialogo, a partilha e a solidariedade.

Enfim para que todo esse leque de oportunidades aconteça, seja vivenciado é preciso que professor e aluno andem juntos, trabalhem num mesmo ritmo de cooperatividade, principalmente falem a mesma língua que é a da era da informação, pois somente trabalhando os interesses da juventude será possível um aprendizado de forma gratificante e com resultados positivos para ambos os envolvidos no ensino-aprendizagem.



FONTE: ​Patrícia Edí Ramos/Escola Estadual Maria Eduarda Pereira Soldera